Você vem atrás do quê ou de quem com essa cara inchada? Corticoides tiram mesmo a limpo suas questões com papai, encaremo-nos, o ínterim suficiente para aprumar sua mira (fija la mirada), correndo por um sinônimo barato atrás do próprio rabo:

— É, a verdade é que ele nunca me faz mal

— Com quantas falas ornamentais se constrói uma mentira?

— Nossa relação era até que boa, dentro do que podia ser essa “relação” (faz as aspas com as mãos)

— Há dois meses você não pega no teclado e agora quer sinônimos

— Não, você não entende, a gente se entendia

— Quão substituível é a palavra suficiente?

— Lá vem a mania, você se acha gênio, uma acerola entre jaboticabas

Não pretendo ir muito longe com isso, é dia de se aproximar lentamente do objeto, fija la mirada, estudá-lo, não textualmente, quero feromônios apavorados a vapor, última volúpia do arrependimento, clausura dentifrício e unguento, sinônimo de vodu, tem? Aproxima-se a senhora e pergunta passivo-agressiva no ponto se alguém tem isqueiro, ninguém responde, “fumar não é crime”, grita, ninguém. Será que tô fazendo aquilo de novo? Não é crime, o puto agora virou legalista. Eu tinha isqueiro, não dei, ela não me tratou bem

Quanto vocês se entendiam?

Era uma compreensão a ponto de nos salvar da miséria pessoal

(interrompe) Como pode, chamar de “compreensão” esse arremedo de discussão, acendendo cigarro um no outro, vocês não conseguem nem completar uma frase

(queria citar Sartre, não tinha lido O SUFICIENTE)

Salvar? Vocês malemá lavam as próprias calças

Recobra o ar escorando-se no luminoso e pede calma a si mesmo.

FIJA