Caixas da Amazon funcionam como casas

“Proibido estacionar”

O homem parado na janela conspira, o cachorro ao lado respira

Inútil tentar capturar o que só existe no caminho, devir animal trepando pelas árvores — não sobrou muito por aqui

Parece que achei no trajeto mediano uma árvore que por si só é bastante, mas nada responde tão bem quanto à não-árvore (ainda encontrarei)

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A estátua com duas cabeças me olha de volta, sem questionar. Cuidado com a máquina, carro, a gente disfarçada

Preciso de um exame toxicológico imediatamente, antes que tudo fuja do meu sangue e constatem a fraude que sou. É claro, sinto muito mesmo se te magoei. Minha intenção não era essa, afinal, queria magoar mais e a fundo, sem que você tivesse a sorte de perceber que algumas pessoas simplesmente não se odeiam por qualquer razão.

Bichos e pequenas cores me fazem parar, contudo sigo, porque sou algo de não, só neste momento, pura vertigem de frente para o atrito, mas estou imóvel num estacionamento. Olhando bem, não passa de um bar onde veículos adentram

Observam-nos envoltos de desconfiança e me pergunto se existe espaço, durante o horário comercial da suposta locomotiva nacional, para riscar o chão em nome do equilíbrio

Quanta planta e eu aqui sem nenhuma pra me adornar. Um ponto preto vaga despertando miras inconformadas com a falta de autocontrole. Sim, faça o que for melhor para você, desde que isso não me foda também/ eu pensaria/ mas agora sou outro e meus remendos não esticam tão bem; sem viço e elasticidade, me resta ir para frente, como se a vida fosse isso

escrito na rua 02